O QUE FAZ VALER A VIDA?
Enquanto estiver a respirar, poderia dar o tempo meu olhar, sendo em momentos de continua dor, ou em instantes intensos de amor. O tempo não é o melhor amigo para quem anda acelerado, para quem anda deprimido torna-se eternidade, para quem aceita a vida como é, descobre o véu que constantemente encobre os olhos e faz pensar estar perdido em si mesmo, quem dera sermos somente alienígenas vagando em um mundo que esta se desfazendo, pois, é o viver os instantes que se desfazem que dão significância.
Andei, busquei, tentei responder, o que faz viver é o talvez, a sensação de não poder responder. O perceber o vento que me toca, o olhar que me cruzam, os beijos que lhe dei, aquilo que não pode ser comprado, nem eterniza-se com palavras poucas, porém somente em obras de arte, que transmitem o pouco brilho da humanidade, as poucas lágrimas de sinceridade constante.
A minha amiga morte lhe agradeço por mostrar-me a vida. A vida é meu simples suspiro de alívio por ser quem realmente sou, por ter as imperfeiçoarias que dão forma as rugas do meu rosto. Só quando olhei definitivamente em seus olhos, percebi quanto ando a devaneios, no brilho de seus sorrisos, vejo o sol a me tocar, as pessoas a me amar, a paixão a se remexer, quem saiba, se isso que me faz viver; isso que movimenta a inquietante existência, que amo estar.
Viver é movimentar se, é como um ônibus a passar de ponto em ponto, muitos entram outros saem, ao fim da viagem quem realmente está? Para bem próximo do amor a vida está, bem ao seu lado posso sonhar, quem sabe a vida seja, essa confusão, que no caos toma a esperança como a solução, que ganha nos olhos do irmão a relação que faz consequentemente uma paixão ser tão satisfatória quanto a dor que trago por cada decisão.
Em meio ao mundo que me passa, posso ter medo de ser, receio de amar, confusão no falar, contudo são as mazelas, que não me deixam ficar aí, olhando o mundo como se nada estive-se acontecendo, a Deus lhe meu agradecer, meu amar, meu viver. Ao tempo que me acaba, posso me abater, porém enquanto puder responder a mim mesmo que não posso me eternizar, sinto o suspiro da eternidade, no olhar do mistério da vida, na profundidade do existir existindo.
Chego agora ao cume do meu ato, o ato de viver, aquele que encontro-me sozinho com você, tal mistério me faz ver, tal relação quero poder ser, pois, no meio desse talvez, viver e colecionar lembranças que só a quem as viveu poderá nostalgiar-se.
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