CARTA AO IRMAO QUE PARTIU
Quem dera ter medo da morte, ao ponto de respeita-la até o dia que ela vir ao meu encontro, como você sabe, é mais fácil ir ao encontro dela. Não há medo, nem mesmo dor com o fim da vida, é natural, é necessária para que as coisas continuem seguindo seu fluxo natural, quem dera então não ser interrompido antes do momento, isso sim trás revolta. Por que, brincamos com a dor do outro tentando suportar o peso de estruturas que hoje, só significam um templo de um tempo que não existe mais. Desejo a você caro irmão em Cristo, minhas lágrimas, espero poder cuidar de outros para que não cheguem a despedida antes de vencerem sua vida nesta terra.
Estamos cansados, será que ninguém quer ver, aceitar que não da mais, não são horas que achar um culpado, contudo é momento de aceitar nossa participação com a morte de outro, ou seja, somos um só povo, uma só humanidade, cada qual que cai aos nossos pés faz parte da nossa vida, e cultivamos a sua vida e morte, tornando-se cumplices de suas dores e sorrisos. Neste dia de desespero, e penumbra aos olhos, caro amigo, descanse em paz, buscaste o consolo que nós não lhe conseguimos dar, a você meu sincero amor, nunca expressado.
Abra os olhos, quem ainda pode ler, abra o coração quem ainda pode sentir, o mundo ainda esta diante de seus olhos, o que poderemos fazer de novo, onde podemos entregar um contato de afeto, aonde deixamos nossas ancoras? Minha irmã morte, lhe dou uma parte de mim todos os dias, para que no momento de saudar minha divida, está esteja paga. A vós lhe peço um só concelho, o que faço com o sangue que corre nas veias de meu irmã? Vejo o tempo passar, vejo a fraqueza no olhar, vejo o mundo despedaçar pelo meu próprio egoísmo. Caro irmão desejo-te o descanso eterno e a paz que não conseguimos lhe ajudar a encontrar.
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