O Amor do Vazio
Há um instante na vida em que o sentido se dissolve. Na dúvida que se ergue, tentando acertar a direção, surge o apavoro. A angústia quer mover o coração, mas ele pulsa sem rumo. E, quando o caminho se perde, no brilho sombrio encontramos o amor do vazio. O vácuo entre o real e o imaginário é um corte, uma junção de temores que molda o espírito em Prometeu, prisioneiro de sua própria liberdade. O desejo de mudança parece chama eterna, mas é só lampejo — breve clarão antes da repetição das mesmas sombras. Nada no mundo escapa à corrupção dos devaneios, nem aos quereres disfarçados de misericórdia. E quando tocamos o fundo do poço, o destino se vira. Não é retorno — é travessia ao seu oposto. Basta ao homem um único suspiro, antes que, por um beijo, ele se perca no doce e irremediável devaneio.