O Amor do Vazio



Há um instante na vida
em que o sentido se dissolve.
Na dúvida que se ergue,
tentando acertar a direção,
surge o apavoro.

A angústia
quer mover o coração,
mas ele pulsa sem rumo.
E, quando o caminho se perde,
no brilho sombrio
encontramos o amor do vazio.

O vácuo entre o real e o imaginário
é um corte,
uma junção de temores
que molda o espírito em Prometeu,
prisioneiro de sua própria liberdade.

O desejo de mudança
parece chama eterna,
mas é só lampejo —
breve clarão
antes da repetição das mesmas sombras.

Nada no mundo
escapa à corrupção dos devaneios,
nem aos quereres disfarçados de misericórdia.

E quando tocamos o fundo do poço,
o destino se vira.
Não é retorno —
é travessia ao seu oposto.

Basta ao homem
um único suspiro,
antes que, por um beijo,
ele se perca
no doce e irremediável devaneio.

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