Cântico da Vida Persistente
Mas o que seria eterno, senão a ilusão?
Tudo é passageiro, neblina e chão.
O início? Apenas um fim disfarçado,
Com hora marcada, destino traçado.
Pensamos ter o tempo em nossas mãos,
Mas ele escapa como grãos vãos.
A consciência revela — o fim não cessa,
É um contínuo ciclo, que nunca adormece.
O amor, semente em solo profundo,
Persiste, molda-se ao giro do mundo.
Mas as relações, frágeis como o vento,
Nem sempre resistem ao esquecimento.
Se o amor se curva ao tempo que gira,
Pode o homem perder sua própria mira.
E resta, então, a única certeza:
A vida, em sua eterna natureza.
Pois mesmo quando cessa o respirar,
Ou as folhas se recusam a dançar,
A vida segue, em forma ou em ausência,
Persevera além da consciência.
A vida é sopro que se eterniza,
Movimento sutil que se imortaliza.
É o que há no instante contido,
Na eternidade de um gesto vivido.
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