IV
Há quem diga que a vida é uma questão de sorte. Eu, porém, considero que seja um pequeno jogo dos deuses. Incansavelmente jogados ao equívoco, somos tomados pelo desejo e alimentados pela vontade cega de algo que sacie a quantidade de vazio que construímos na necessidade. Considero-lhe como o sol, mas assim como o sol está para a lua.
Flertamos com o fim, no anseio de deixá-lo apavorado com a vida que seguimos. Não vejo a vida como apenas sofrimento; há nela algo que podemos considerar como o inacreditável. O que fazer em um dia olhando para o nada, desejando que ele leve para longe toda a confusão? Talvez tudo não passe de uma pequena roleta-russa.
Cada escolha, cada decisão, é parte de um destino que construímos com a esperança de que seja o melhor — quem dera fosse ou não. Por quê continuar? Talvez pela esperança de transformar a direção de quem está por vir, em um mundo onde a moeda de troca não se limite a notas de papel esquecidas.
Que os sentimentos que carregam os homens os conduzam a relações que permaneçam. Afinal, o que é a vida sem a sensação de estar vivo com alguém? Tudo pode parecer um conjunto de equívocos. Tudo passará. Mas o que desejamos é paz e a sensação de não precisar chorar.
Que as lágrimas sejam como estrelas no céu escuro da vida, transformando-a em um encontro com o singelo no animal que se diz humano.
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