CARTA DE GRATIDÃO
Queria, de muitas formas, agradecer e encontrar um meio de retribuir a ajuda. Gostaria de
expressar mais do que um simples “muito obrigado”, pois não são apenas palavras, mas gestos que
têm o poder de transformar o futuro. Os sonhos são como pequenos gestos que fazem o homem
continuar lutando; eles o impulsionam a concretizar, em sua totalidade, a própria existência.
Entretanto, o mundo não é um paraíso. É um vale de lágrimas que transforma o filho mais
temente de Deus em um escravo do sofrimento presente. Quando doamos nosso tempo para ajudar,
mudamos a história de quem é ajudado. Ainda que pareça um ato insignificante, revela-se como um
gesto único capaz de alterar o presente e o futuro. Talvez esses pequenos detalhes sejam a luz divina
que penetra no coração e ilumina a vida humana.
O fim, sem dúvidas, é uma certeza da condição humana. A morte chegará a todos os viventes.
Em dias de mente atordoada, o tempo parece se arrastar, assustando-nos ao ponto de desejar apenas
um último canto. Quem dera a morte pudesse libertar das dores que, dia após dia, tornam-se nossas
companheiras.
Caro amigo, o que considerar como o verdadeiro caminho? Ao contemplar os pilares da vida,
sinto-me cada vez mais próximo da morte. Talvez porque o fim seja, ao menos, a certeza que consola
o meu espírito. Não desejo que despreze o sofrimento, pois é ele que torna possível nossa existência.
A morte é o consolo do espírito perdido. Ela é o que resta como liberdade, especialmente quando a
antecipamos antes do tempo designado. Caro irmão, não se assuste se o fim chegar ou se ouvir gritos:
será apenas um homem em busca de alívio. A paz, às vezes, traz sofrimento a outros, enquanto este
corpo retorna ao pó de onde foi feito.
Contudo, deixemos que os mortos retornem à terra, mas não permitamos que caiam antes de
encontrar o verdadeiro sentido de suas vidas. O que realmente leva o homem ao seu precipício não é
o desejo da morte, mas a vontade sincera de encontrar-se com o suspiro de Deus, que aquece o coração
e renova o desejo puro pela vida.
Agradecer a um amigo é desejar que o brilho da vida nunca se apague em seu espírito. Esse
brilho é o que transforma o desespero e os desamores em uma existência verdadeiramente digna.
Caminhar intensamente não é consumir, nem ferir, nem esvaziar. É viver de forma genuína, como
filhos de Deus. E, diante de todo sofrimento, sentir compaixão é descer ao íntimo do outro,
alimentando o espírito com gestos de bondade.
Há pessoas e pessoas! Há olhares que se completam e outros que nem se cruzam. Mas existem
aqueles que nos marcam de forma sincera. À sua vida, desejo que, em meio aos sofrimentos, Deus
seja o verdadeiro amigo nas encruzilhadas do caminho.
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