CARTA AO VENTO QUE ME TOCA

    Veja homem como é lindo. Caminhava como qualquer outro, respondia confirme confiava saber em mim mesmo, então veio, com tamanha força que me derrubou, pelo chão meu corpo, como nenhuma outra vez. 
    Ter força já descobri que não tenho, certezas poucas as possuo, quem dera saiba cantar, quem deva não derrame tantas lágrimas, porque não sabemos ouvir? Por que ouvimos tanto os outros, e esquecemos de nós. Queria poder estar ao lado, para não sofrer.
    Um dia falaram que sonhos são só motivos para não desistir, me contaram que eu era o melhor, e alimentaram minha insegurança brincando com minhas fragilidades. 
    Quanta fraqueza existe em um corpo, quanta falta de espírito à num monge. O vento sobra, as água turvam, eu aqui, porque? 
    Vejo tudo, percebo tudo, mas nem tudo me toca. Aonde estão as palavras que um falei, aonde está a crença que um dia deixei. Somente o tempo mostra ao homem que não passa de um animal. Não dizer que nada é, mais que tudo tem um fim, nesse fim devia aceitar a morte que me espreita. Um deus, um homem, um mero animal mortal. 
    Dizia em alta voz um louco em uma grande sala, deus se matou de desgosto, pelo homem que deixando de amar, optou pelo seu cego amor. Ao jogar do precipício, ninguém o pegou, pois, homem esperava a Deus, e nada, nada o abraçou quando chegou ao chão.
    O cadáver era frio, quando cheguei, o cheio já fedia, pessoas chocaram, outros riam, mais um que despedaçou em meio ao duro chão que é a vida. Não se ouviu nada de diferente naquela noite, ela continuo fria, sombria e barulhenta. O homem que morreu, era meu melhor amigo, e naquela noite, chorei, porque não sou mais, o que um dia fui, a queda matou o orgulho, ao mesmo tempo que suicidou a segurança e o abrigo.
    Meu melhor amigo, era a melhor pessoa, perfeito em tudo, era admirável no que fazia, e quando passava todos sorriam, ele usava as mesmas roupas que eu, os meus sapatos, as mesmas palavras, na verdade nunca ouve amigo. 
    Era somente eu, achou ser perfeito, quando na verdade sou só eu, que não é, mais está sendo. Um olhar amigo, uma abraço, não vem todos, concelhos sinceros, não se encontra em um castelo. O homem perfeito, tornou-se aquilo que já era finito, com a morte ao seu lado, sorrindo, por que a vida está do outro lado.
    Ô deus, ô céus preciso da morte para tomar juízo, preciso do fim, para compreender o estar sendo, declaro ao mundo minha ignorância, nela encontro a liberdade do espírito.

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