CARTA AO JÚRI

     Ei você, isso você que esta me olhando de atravessado, o que pensa que esta fazendo, me julgando pelo meu modo de agir, pela cor do meu pijama, ou pelos pensamentos que defendo? Andei olhando você também, acho que lhe devo desculpas! Por que fico te olhando, querendo ser o juiz de seus atos, convocando outros para gritarem morte ao diferente, sou só eu novamente com meus grandes muros ideológicos.

    O que faz seu olhar continuar a me observar, já não entramos em um acordo, você cuida da sua vida, e eu continuo em meu mundo!? - Diz o homem a beira do precipício - Não olho a você, Senhor de meia idade, observo o mundo que se apresenta ao seu olhar, vejo as histórias em suas rugas, percebo em seu olhar seus sentimentos, em você, vejo o que não sou. Não busco brigas, muito menos um debate de adjetivos depravadores, lhe desejo o bem.

    No silêncio decorrentes das falas, o vento levantou as folhas do chão, uma nuvem cobriu o céu de outono, e o sino da capela mais próximo soou, seis horas da tarde, a noite se aproxima. Dois homens seguiram em direções opostas, ambos calados. O silêncio é a solidão diária, que conduz ao interior, as perguntas, já que respostas não há. O júri de um homem só, terminou com o cessar das palavras, a quem devem respeito por julgar.

    Sem adeus, sem sentimentos se foram pelas ruas, aqueles que um dia já foram amigos, companheiros de damas, o que faz o esquecimento, a depressão no homem, que antes de pedir o nome ao outro somente o despreza por olha-lo. Enquanto o sol perdia-se no horizonte, o homem ao precipício despediu-se do mundo com seu ultimo suspiro, a verdade enfim chegou ao seu coração, quando este parou repentinamente. Não há quem julgue nos confins do inferno o homem, pois aos vermes seus corpos são deixados, as traças as roupas e a mundo cartas, as quais quem sabe nunca serão lidas.

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